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Bem-estar e a brevidade da vida

Foto do escritor: Henrique Augusto Pires RezendeHenrique Augusto Pires Rezende

“Só existem dois dias no ano em que não podemos fazer nada. Um se chama ontem e o outro, amanhã”. Essas palavras, atribuídas a Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama (líder espiritual do Tibete, embora viva exilado na Índia desde 1959, por questões políticas com o governo chinês), nos lembram de algo muito simples e, ao mesmo tempo, desafiador: viver no tempo presente, com presença.



Simples de dizer, porque fazemos escolhas diariamente, conscientes ou não – então podemos optar entre gastar energia com o que já foi (apego ao passado), com o que ainda nem chegou (ansiedade pelo futuro) ou investir nosso precioso tempo de vida aproveitando de verdade o ‘aqui e agora’ – que é onde podemos realizar, de fato, alguma mudança.

Pelo mesmo motivo – o da escolha, no caso, consciente – tudo se torna também muito desafiador. ‘Escolher estar plenamente presente no momento presente’ não é fácil, ainda mais com tantas demandas e distrações, os combos trabalho-casa-família ou trabalho-estudo-relacionamento (e similares), as contas que não param de chegar, as redes sociais que não param de nos ‘abduzir’, as cobranças de uma vida saudável, de dar conta de tudo, as ameaças da mudança climática e as inseguranças de temas que até pouco tempo atrás nem queríamos ouvir falar – como envelhecer com dignidade (sim, en-ve-lhe-cer, é isso mesmo que você leu) e de verdade, sem tentar evitar esse efeito natural da vida, e se aposentar de forma planejada depois de ter vivido muito bem (será?).

Outro dito popular: “Quer saber a previsão do tempo? Ele está passando...!”

Em um piscar de olhos, tudo muda, já não somos o(a)s mesmo(a)s, já não estamos no mesmo lugar – a Terra gira em torno do Sol, lembra? E não para seu movimento de translação de 107 mil quilômetros por hora só pra gente descer e ‘dar um tempo’.


E aí vem a reflexão: o que temos feito com/em/de nossas vidas? Temos aproveitado ao máximo, com saúde, qualidade e bem-estar? Estamos felizes com o que temos e quem somos? Realizando o que consideramos ser nosso propósito e missão de vida? E nossos sonhos, têm espaço em nossas agendas e orçamentos? Qual a distância entre o que somos e o que gostaríamos de ser – desde criança, adolescente ou a penúltima fase adulta?

Quanto de nossos neurônios, saliva, batimentos cardíacos, ossos, músculos e articulações investimos para viver plenamente nosso tempo aqui? Como está sua mobilidade corporal – e a da vida? De 0 a 100%, que percentual você anotaria pra si mesmo(a), naquele caderno ou arquivo secreto que ninguém vê?

Se podemos escolher entre o que nos faz bem e o que nos faz mal, por que às vezes escolhemos a segunda opção? Porque é mais fácil no curto prazo, mais barato, a preguiça domina, a vontade de ir contra a opinião geral prevalece? Ou porque ‘se cuidar’ é algo que demanda atenção, mudança de hábito (ou seja, esforço em algum momento) e, muitas vezes, investimento de tempo e recursos?

Todo mundo sabe, por exemplo, que fumar faz mal, provoca doenças graves e até mata. “Ah, mas fiz exame e meus pulmões estão limpos” – quem nunca ouviu essa? Será? Por quanto tempo? Por que tanta gente se engana dessa maneira?

Todo mundo sabe, também, que praticar atividades físicas, alimentar-se bem, manter contato com a natureza, boas relações com as pessoas próximas e consigo mesmo(a) fazem muto bem à saúde. Por que, no entanto, tanta gente se boicota nesse sentido e se rende à preguiça, ao famoso ‘não tenho tempo’? Quando realmente não há mais tempo (de vida), o arrependimento não tem o menor efeito.


Diante desse cenário, acreditamos que as políticas públicas de saúde integral e campanhas de conscientização e autocuidado são urgentes e importantes – não só por parte do governo, como também de toda sociedade, entre escolas, universidades, estabelecimentos públicos e privados e empresas – sim, empresas, onde grande parte das pessoas passa um bom tempo de suas vidas.


Parece relativamente simples, ainda que complexo pelas camadas que envolve, mas sabemos também que um movimento assim mexeria com um gigantesco e voraz vespeiro: o do consumo de massa.

Pessoas com hábitos muito saudáveis e sustentáveis não são consideradas ‘lucrativas’ para o atual sistema econômico. Quem se locomove pela cidade de bicicleta ou caminha bastante a pé (e, assim, toma sol quase que diariamente), planta parte de sua comida (sim, horta urbana é possível!), adquire outra parte diretamente de produtores rurais (ou mesmo urbanos) ou em feiras/mercados agroecológicos – ou seja, alimentos orgânicos, sem veneno –, não consome produtos industrializados, fast food, bebidas recreativas ou cigarros, dorme e acorda cedo, e escolhe ‘manter seu equilíbrio emocional em vez de brigar sempre pra ter razão’ provavelmente quase não fica doente – ou adoece bem menos do que quem tem hábitos nocivos e (auto)aniquiladores. Portanto, esse tipo de pessoa consome menos medicamentos alopáticos, combustíveis, automóveis, roupas – e a lista não para por aí.


Se daqui nada levamos, que tal cuidarmos de nosso corpo-casa da melhor forma possível, a fim de aproveitarmos o momento presente com toda energia a que temos direito – e nutrirmos nossos cérebros com lembranças que realmente mereçam ficar para a história?

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