Quanto mais transparência, mais senso de pertencimento e mais possibilidades de engajamento.
Imagine que sua empresa é um grande veleiro, com destino final determinado no GPS e um prazo estimado para se chegar lá. As velas são suas estratégias e o vento representa os fatores externos, inclusive imprevistos. Na ausência de vento, há remos e um motor de apoio (que não vale usar no caso de uma competição). Qual a importância de toda a tripulação saber para onde está indo?
Se fosse apenas um passeio, talvez não tivesse tanta importância – apenas curtir o trajeto, a natureza, a boa companhia – de preferência, em um lindo dia de sol e bons ventos. Mas vamos imaginar o oceano como o grande mercado onde há vários outros veleiros querendo chegar antes de vocês – aí as prioridades mudam, certo?
Além das habilidades técnicas, alguns outros componentes são fundamentais para que o veleiro siga de vento em popa. Transparência 360º, de todo(a)s para todo(a)s: toda a equipe precisa saber pra onde está indo, se houve ou haverá alguma mudança de rota, se há sinal de tempestade se aproximando ou alguma avaria na embarcação. A comunicação precisa ser fluida, honesta e na temperatura que cada situação exige – às vezes mais impulsionadora, outras vezes mais tranquilizante, mas sempre encorajando a união, a força em si mesmo(a) e no trabalho coletivo. A liderança precisa conhecer minimamente cada um(a), saber ler as pessoas – especialmente em situações de imprevisto ou crise – e estar preparada para lidar com reações inesperadas, inclusive pra minimizar o impacto disso no restante da tripulação. O ânimo geral é um dos fatores mais desafiadores de se manter, após um certo tempo de prova, especialmente quando o tempo vira, o frio é cortante, o mar está muito agitado e as pessoas estão cansadas, com fome, frio e medo (às vezes ele se manifesta como braveza ou irritação).
Aquela história de “estamos todo(a)s no mesmo barco”, sabe? É isso que faz a diferença nos momentos mais delicados. E às vezes é preciso que aconteça uma ‘virada de tempo’ repentina mesmo, em alto-mar, pra que a equipe se dê conta de que é preciso se unir, parar com as ‘picuinhas’, tirar o máximo proveito de suas diferenças e habilidades, para que a embarcação chegue sã e salva ao destino final – ou a qualquer porto seguro no meio do caminho.
Esse meio do caminho pode ser um bom momento pra se ter conversas claras e de realinhamento de expectativas e entregas. E pra quem ainda não entendeu que é preciso parar de competir dentro do próprio barco e dar as mãos a quem está ao lado, faça chuva ou faça sol.
E aquela ‘virada de tempo’ repentina pode ser uma troca de liderança, uma fusão ou venda da empresa, uma pandemia inimaginável sem fronteiras. E o que acontece se uma pessoa ‘de grande relevância no projeto’ fica doente ou precisa se ausentar por motivos pessoais? Há um(a) backup com o mesmo grau de conhecimento e envolvimento, pra que a embarcação não perca o ritmo nem o prumo? Quem da tripulação está pronto(a) pra assumir o leme, o comando da navegação? E a(o) capitã(o), está por dentro de tudo que cada integrante faz? Transparência 360º, lembra?
Mais que uma boa observação e identificação do perfil de cada tripulante, pra que o time funcione de forma realmente colaborativa é preciso que as tarefas sejam bem definidas e tenham responsáveis. Porque imprevistos sempre acontecem e, na hora da tempestade, cada um(a) precisa segurar bem firme em sua posição (salvo em caso de pedido de ajuda emergencial) – até porque se todos correrem para o mesmo lado o barco fica em desequilíbrio e alguns pontos ficarão descobertos.
Equilíbrio é um bom aliado das práticas colaborativas – dentro e fora das empresas, nas águas dentro e fora de nós. E boas conversas, com acordos claros antes (o papel de cada um/a, lembra?) e feedbacks sinceros depois (comunicação não-violenta e transparente), podem ajudar bastante nesse balance. ‘Balance’, na língua inglesa, tem a ver com harmonia, estabilidade, contrapeso – e usamos essa palavra pra nos lembrar da importância do equilíbrio interno e físico pra nos manter em pé dentro de um barco, do equilíbrio mental-emocional quando ‘o tempo fecha’ e do equilíbrio das habilidades e diferenças entre as pessoas que estão ‘no mesmo barco’ – pra que o desempenho seja o melhor possível, ninguém se machuque e toda(o)s se sintam vencedora(e)s em suas participações.
Nesse cenário, permitimos aqui uma pequena alteração no antigo ditado: sozinho(a) nem sempre se vai mais rápido, mas junto(a)s com certeza vamos muito mais longe…!
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