Você está feliz? Esta é a primeira e mais importante pergunta de todas. É sua bússola, lanterna, GPS, termômetro.
Você está bem de saúde – física, mental e emocional? Esta é outra pergunta, tão importante e norteadora quanto a primeira. Norteadora não só em relação à sua vida profissional, mas à sua existência neste planeta, fazendo tudo o que faz.
Você acorda tranquilo(a), depois de uma noite bem dormida, toma um café da manhã com calma e qualidade, começa o dia com disposição, sente-se satisfeito(a) com seu trabalho ou projeto – mesmo quando os desafios são intensos e diversos? Sente-se bem acompanhado(a) e apoiado(a) dentro e fora de sua equipe, dentro e fora da empresa?
Você pratica atividades físicas regulares? Alimenta-se bem? Tem tempo para almoçar (quase) todos os dias – sem ser na sala de reunião ou em frente ao computador –, jantar com a família, amigo(a)s ou namorado(a), ir ao cinema, curtir um show, ler, ver um filme, ouvir música, cozinhar…ou simplesmente “fazer nada”?
Viajar é um luxo, peça de museu ou compromisso na sua agenda?
Se você respondeu ‘não’ a muitas das perguntas acima, se sentiu vontade e culpa ao mesmo tempo, fez cara de espanto ou pensou “o que isso tem a ver?”, está na hora de repensar sua vida – profissional, pessoal e qualquer outra classificação que quiser.
“A vida não é só pagar boletos”. Você já deve ter ouvido isso de alguém, visto em algum post, meme, podcast, programa de humor, tela ou arte de rua. E o recado é esse mesmo: não estamos aqui só pra cumprir contratos e pagar contas.Não faz sentido gastar horas de seu precioso tempo, saúde, beleza e inteligência, se não for pra ser feliz.
Nossa espécie (humana) não sobreviveu e evoluiu ao longo das eras para reduzir sua/nossa existência a um mecanismo capitalista 24/7. Podemos tanto mais do que fazemos. Então por que nos submetemos a tantas limitações, de todos os lados?
Por mais que seja desconfortável dizer e ouvir, é exatamente por isso que vamos falar: temos responsabilidade pela vida que vivemos. Boa parte dela vem de nossas escolhas – conscientes e inconscientes.
Claro que estamos falando de um lugar privilegiado: temos casa, comida e trabalho, além de outros prazeres e benefícios. Quem não tem as necessidades básicas atendidas não fala em “equilíbrio entre vida pessoal e profissional”. E é justamente aí que nossa responsabilidade aumenta: o que fazemos com os privilégios que temos? Não damos conta? Mandamos outro(a) pagar a conta – de nosso estresse, falta de planejamento, comprometimento? Entregamos nossa vida inteira a quem nos paga um salário, carro, celular, bonificações? Exigimos a vida inteira daquele(a)s a quem pagamos um salário, carro, celular, bonificações?
Quem estabeleceu que a vida profissional vem antes da pessoal? Aliás, quem inventou essa separação? Por acaso somos uma pessoa dentro e outra fora da empresa? Nossas células mudam conforme colocamos ou tiramos o crachá?
Hoje inúmeras companhias anunciam como ‘benefícios’ o que deveria/poderia ser uma prática comum a todas: horários flexíveis, possibilidade de trabalhar remotamente (alô pandemia!), espaços de descanso e ”despressurização” – como salas de massoterapia, de jogos e lazer, sessões de yoga e meditação, vivências de esporte e aventura –, ambientes para crianças (creche/childcare), frutas e lanches saudáveis disponíveis gratuitamente ao longo do dia. Como se nossa ‘vida pessoal’ pudesse finalmente se misturar um pouco mais à ‘vida profissional’ – agora, digamos, mais ‘humanizada’. Se olharmos para a história desde a revolução industrial, na linguagem de hoje podemos dizer que é uma grande evolução.
Então, se estamos ‘autorizado(a)s’ a ter uma ‘vida profissional mais humanizada’ e menos automatizada, o que falta para nos permitirmos vivenciar essa integração na realidade?
Escolher. Decidir. Agir.
Estamos tão acostumado(a)s a nos defender, reclamar e justificar tudo, que, arriscamos dizer, aquele pensamento limitante “é, mas não é tão simples assim…tem isso ou aquilo…” é o primeiro obstáculo a ser colocado para fora junto com o lixo do dia.
Pensar para agir. Agir para mudar. Começando por se organizar: faça uma lista de tudo o que gostaria de fazer e não está fazendo no momento – pesquise horários, locais, valores – e elabore como um ou dois itens da lista poderiam se encaixar na sua rotina – quem sabe até na sua empresa – e o que precisaria sair ou mudar para isso acontecer. Se sentir necessidade, componha uma segunda lista com o que quer/precisa mudar no seu dia-a-dia e o que definitivamente não quer mais. Você pode fazer uma planilha, anotar na agenda ou colar post-its na geladeira…vale tudo!
Vale também convidar pessoas do seu convívio (amigo/a/s, parceiro/a, família) para alguma(s) da(s) atividade(s). Companhia e apoio mútuo geram resultados bem animadores, de ambos os lados – experimente!
Algumas coisas aparentemente fogem ao nosso controle – como o trânsito intenso em alguns horários –, mas sempre há alternativas para tirar proveito do que, até então, era um empecilho diário. Por exemplo, se na sua empresa não há flexibilização de horário (nem espaço para esse diálogo – e ainda assim você curte trabalhar ali), em vez de levar de 1h a 2h para voltar para casa, sofrendo no trânsito congestionado, quem sabe possa usar esse tempo para ir à academia, fazer aquela aula que sempre teve vontade (dança, artes marciais, pilates, yoga, música), caminhar em algum parque no meio do caminho, ir ao cinema, encontrar amigo(a)s para um café ou happy-hour – mesmo que seja sem (muito) álcool, afinal de contas ainda há coisas pra se fazer em casa e amanhã é outro dia de trabalho, ops…de vida!
Por último, uma pergunta que é o começo de tudo: você está disposto(a) a mudar o que precisa mudar..?
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