Onde estamos e para onde vamos? Esta é uma pergunta que podemos nos fazer ao levantar, ao escolher um destino de viagem ou em uma reunião de trabalho.
Situar-se no momento presente e mirar aonde se quer chegar não é só exercício de autoconhecimento e coaching, é uma prática de estado de atenção que pode trazer benefícios práticos e emocionais tanto para você quanto para quem está ao seu lado – e realizar uma gestão estratégica das pessoas do seu time pode significar uma boa diferença em toda a trajetória e, claro, nos resultados finais.
Você conhece as canoas havaiana e polinésia? Histórias e características regionais à parte (principalmente em relação ao desenho do casco), tradicionalmente eram utilizadas como meio de transporte entre ilhas e hoje são mais conhecidas como meio de lazer e esporte. Há modelos individuais, em dupla e grupos de 4, 6, até 12 pessoas. As canoas com 6 integrantes são as mais utilizadas em eventos competitivos.
Ok, mas o que as canoas têm a ver com a gestão estratégica de pessoas? Tudo.
Onde estamos e para onde vamos? É um passeio, uma expedição ambiental ou uma competição?
No caso de um passeio com a família ou amigo(a)s, o foco não está propriamente na capacidade de remar em uma canoa que veio originalmente do Oceano Pacífico – curtir o lugar, o momento e as pessoas importa mais que a parte técnica. Claro, cada um(a) é de um jeito – e tem seus momentos, fases e humores – então mesmo em um passeio simples e descompromissado pode acontecer algum imprevisto, impasse ou desconforto – principalmente quando bate a fome, o medo e/ou o cansaço. Qualquer que seja o cenário, alguém com habilidade em gestão de pessoas pode contornar bem a situação, observando os gatilhos físico-emocionais e incentivando o uso dos talentos de cada um(a) – às vezes é uma qualidade que você percebe e a pessoa nem sabia que possuía.
Já no caso de uma equipe de competição, o foco está justamente na habilidade do(a)s atletas em remarem, junto(a)s, com a maior velocidade possível. E aqui enfatizamos ‘junto(a)s’ porque realmente a ‘união faz a força’ – e não é só questão de força física, o movimento sincronizado do conjunto é muito importante. Um(a) remando fora do compasso pode interferir na dinâmica de toda a canoa. Quem ocupa o primeiro banco é quem imprime o ritmo para toda a equipe – os de trás remam e movimentam o corpo na mesmíssima toada. Outro(a) integrante grita ‘hip’, a equipe responde, dá mais uma remada e troca de lado – há uma quantidade de remadas combinada para cada lado. Quem determina o número de remadas é o(a) ‘capitã(o)’ da canoa, que senta no último banco e ‘faz o leme’ – essa expressão se refere às formas de utilizar o remo como leme para direcionar o rumo da embarcação.
É essa mesma pessoa quem observa todo o time e vai fazendo os ajustes ao longo da prova. “Fulano(a), afunda mais o remo na água. Sem molhar quem está atrás, gente!”. Todo(a)s os componentes têm a consciência e responsabilidade sobre suas performances individuais, ao mesmo tempo em que sabem que precisam deixar de lado quaisquer diferenças (de antes e durante o percurso) até cruzarem a linha de chegada. E o(a) ‘capitã(o)’ define quem vai ocupar qual lugar – há outras funções para as demais posições/bancos da canoa – e às vezes há um revezamento. Aqui se trata, então, de uma gestão estratégica de pessoas.
Assim como dentro de uma empresa/empreendimento, quem lida com ‘talentos humanos’ precisa saber olhar tanto para as individualidades quanto para o coletivo. Explorar (no bom sentido) as qualidades de cada pessoa, como essas habilidades se integram na ciranda e como fazer tudo funcionar em sincronia para se chegar ao lugar escolhido. Do mesmo modo, saber cuidar dos imprevistos e revezes, se possível, sem deixar que contamine o ânimo de toda a equipe. No final de uma prova, pode acontecer de alguém ter cãimbra, passar mal ou até parte do equipamento quebrar. A forma de o(a) capitã(o) lidar com esse desafio – e com a comunicação com todo(a)s – pode significar a derrota no meio do caminho ou a consagração máxima de uma equipe coesa que está junta ‘para o que der e vier’.
A comunicação clara, empática e motivadora é um dos principais combustíveis para que a gestão de pessoas seja não apenas estratégica (alinhada com os objetivos da empresa/grupo), mas também enriquecedora e nutridora para todas as pessoas que a experienciam. Todo(a)s precisam se sentir valorizado(a)s e bem posicionado(a)s no time de acordo com suas fortalezas e habilidades.
Afinal de contas, seja em uma competição esportiva ou empreendimento corporativo, ninguém quer naufragar por causa de uma equipe que não soube (ou não quis) remar junto, não é mesmo?
Hip!
Comments