Antes de tudo, o que é ‘manter o foco’? É pensar unicamente em um objetivo, ‘sem se distrair’, investindo todas as suas forças para ‘chegar lá’? E onde é esse ‘lá’?
Sim, esse é o primeiro passo: saber aonde quer ir. Mesmo que depois mude de ideia, queira seguir adiante ou alterar totalmente a rota - com outro plano e de repente até outra profissão – pode acontecer.
Mas definir um ponto no mapa é o primeiro movimento. Depois vem o primeiro passo, a primeira experiência nesse caminho, os primeiros feedbacks (internos e externos). Apurar a intuição e a percepção de como as coisas estão fluindo – ou não – pode ajudar bastante no seu (plano de) desenvolvimento profissional. Para além dos dados e tecnologias disponíveis (e muito úteis) no seu campo de atuação, aqui estamos falando da ‘tecnologia humana’ – de aprimorar o seu olhar e ouvido, o seu sentir, em todas as instâncias do seu projeto de vida profissional.
Quando uma pessoa não-atleta decide “virar maratonista”, o que ela precisa fazer para ‘chegar lá’? Antes de mais nada, uma auto-observação em relação ao seu ‘ponto de partida’ (ela já corre alguns km diariamente?) e à sua saúde física – e, se necessário e possível, alguns exames (cardiovascular, densidade óssea, entre outros) e até uma consulta com um(a) fisioterapeuta para estabelecer uma rotina de cuidados preventivos contra possíveis lesões. Trazendo para o nosso tema, aqui seria o momento em que você avalia suas habilidades pessoais-profissionais e o que precisa adquirir, desenvolver ou até mesmo eliminar até cruzar a linha de chegada. Sim, saber ‘eliminar’ alguns padrões mentais-emocionais e comportamentais pode fazer uma boa diferença no seu rendimento e evolução. Trocar a reclamação do cansaço pelo prazer da superação. Determinar a distância que quer percorrer diariamente, em que ritmo e o que é mais importante pra você no momento (chegar com saúde, tempo de prova, seu pace, ter constância, sair bem na foto...rs) são bons ingredientes para o seu plano de desenvolvimento profissional.
Agora voltando ao que estávamos falando no começo do texto – olha aí o foco! –, precisamos revisitar a definição e o entendimento sobre o que a expressão ‘manter o foco’ significa para você e para as pessoas com as quais interage (ou vai interagir) na empresa/projeto/empreendimento.
Por exemplo, uma pessoa meditando no parque pode estar muito mais focada do que alguém em frente ao computador. Se você achou essa ideia um absurdo (e até fez cara feia...rs), talvez seja um bom momento para rever conceitos arraigados na herança workaholic dos anos 90 – em que trabalhar exaustivamente e extrapolando as 8 horas diárias era sinal de um(a) bom/boa profissional focado(a) – na maioria das vezes, aliás, bem estressado(a).
Sim, meditação é uma boa ferramenta para se manter o foco em tudo na vida: no trabalho, nas relações pessoais, nos esportes – inclusive na maratona. Para além do foco, meditar (verdadeiramente) contribui para manter a calma e a clareza mental, um ‘estado de espírito’ mais leve, um olhar (mais) resiliente perante situações estressantes. Passamos a perceber o que realmente importa e o que está por trás das aparências e de nossos gatilhos emocionais. Com isso, potencializamos nossa atenção – o foco – na direção do que queremos.
Outra ferramenta aliada, e que está diretamente associada à meditação, é a respiração – que ajuda, inclusive, a lidar com padrões mentais-emocionais desafiadores, como aquele(s) momento(s) da maratona em que uma voz conhecida diz: “falta muito, você não vai conseguir”. Essa voz conhecida pode ser um(a) ex-chefe abusivo(a), um(a) colega de trabalho que insiste em competir com você, um(a) ex-companheiro(a) que não aprova sua independência, aquele(a) malvado(a) que fazia bullying na escola, um pai, uma mãe ou até você mesmo(a) se boicotando. Agora não importa mais, porque você vai inspirar fundo (mentalizando seu objetivo), expirar todas essas ‘poeiras’ que provocavam falta de ar e seguir em frente. Você vai conseguir.
Comece devagar, com metas menores e plausíveis para seu condicionamento (pessoal-profissional) atual – e vá expandindo seus limites progressivamente. Converse com quem já está na estrada há mais tempo. Observe, pesquise o roteiro, conheça seu biotipo – o que pode melhorar. Não é do dia pra noite que se corre uma maratona.
Dormir bem, se alimentar de forma saudável, praticar atividades físicas, tomar bastante água e banho de sol (vitamina D), ler, viajar, passear, se divertir, fazer as coisas que gosta com as pessoas que ama são tão importantes quanto na manutenção do seu foco, da sua força e “fé no seu taco” – ok, essa expressão é meio antiga e pode ser que alguém não a conheça, podemos substituir por ‘autoconfiança’.
Autoconfiança é o seu cajado (sua espada ou escudo, se precisar) na caminhada até o seu objetivo final – de novo, mesmo que ele mude assim que chegar lá, ou no meio do caminho, está tudo bem – estamos vivo(a)s e a vida é movimento e transformação. Ah, mas o que dormir e comer bem, tomar água e sol, fazer exercícios, se divertir e meditar tem a ver com isso? Tudo. Uma pessoa com corpo bem nutrido e oxigenado, uma mente ativa e bem descansada, que se conhece, se aceita e autorregula suas emoções está preparada literalmente para o que der e vier. Se, ao contrário, você não dorme bem, se alimenta mal, não se exercita nem se dá prazer – não se cuida –, qualquer tropeço no caminho vai derrubá-lo(a). Um cérebro sem água não funciona. Um corpo sem nutrientes (e descanso) adoece. Sem saúde, seu precioso ‘plano de desenvolvimento profissional’ cai por terra.
Para finalizar esse texto e você começar/continuar sua jornada, lembre-se de se firmar no seu cajado (autoconfiança), cuidar da sua saúde e manter a mente aberta a novos aprendizados. Uma criança cresce já sabendo correr. E todo(a) mestre é um(a) eterno(a) aprendiz.
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