“Não faça às outras pessoas o que não quer que façam com você”. Quem nunca ouviu esta frase? Talvez tenha sido dita de outra maneira, algumas palavras trocadas – mas o significado é esse mesmo, que às vezes esquecemos quando estamos, digamos, no papel de ‘algoz’ aos olhos alheios e geralmente lembramos quando nos sentimos vitimizado(a)s por alguém. Ou quando vamos falar de empatia, consciência na forma de se relacionar.
Então é isso, poderíamos parar o texto por aqui. Mas aí seria só um vislumbre da superfície e, se queremos ‘fazer melhor’, ‘fazer diferente’, ‘fazer o que é certo’, vamos nos aprofundar um pouco mais.
Dizem que conhecemos verdadeiramente uma pessoa quando ela tem ou recebe poder e/ou (muito) dinheiro – se for ambos de uma vez, mais ainda. Se você já experimentou essa sensação ou presenciou de perto alguém que acessou esse lugar e mudou de atitude, é quase certo que irá reconhecer alguns dos ‘sintomas’ aqui. Há quem fique muito generoso(a), talvez até um pouco deslumbrado(a), feliz em compartilhar a abundância e as ‘benesses’ com as pessoas ao redor. E há quem confunda as coisas e se mostre uma pessoa mesquinha, arrogante, injusta – e, infelizmente, muitas vezes preconceituosa também.
Ninguém é melhor que ninguém. Quem mora em um castelo luxuoso não é melhor que uma pessoa em extrema vulnerabilidade social e habitacional. Quem alcança a posição de presidente de um país definitivamente não é melhor que o gari que varre a rua da sua casa. Diferentemente do que aprendemos ao longo de nossas jornadas estudantis e profissionais, as pessoas nas condições de vida e posições mais humildes (e menos remuneradas) merecem tanta reverência quanto ‘os maiores PIBs do mundo’. Dinheiro não nomeia dono(a)s da verdade (ou não deveria), poder não significa caráter.
Outra frase que talvez você já tenha ouvido e sintoniza com o que estamos falando aqui é: “nossa verdadeira essência se revela com o que fazemos quando ninguém está olhando”. Ou algo assim – de novo, pode mudar uma palavra ou outra, mas o significado é esse mesmo: quem somos e quais são nossas escolhas, independentemente de likes, medalhas, prêmios, reconhecimento de quem quer que seja?
Quem somos nós e o que fazemos, quando temos dinheiro e poder e ninguém está vendo…?
Quem é você (e como age), quando se sente com ‘a faca e o queijo na mão’?
Refletir sobre essas perguntas pode ser um bom início para se exercer uma boa liderança – não apenas na primeira vez, mas ao longo de toda sua trajetória profissional. E no âmbito pessoal também – é preciso ser autêntico(a) e verdadeiro(a) dentro e fora das paredes corporativas.
Se o pensamento “os fins justificam os meios” – frase associada ao filósofo italiano Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe, séc. XVI – (ainda) faz sentido para você, talvez seja um bom momento pra repensar: vale tudo mesmo para se alcançar um objetivo? Custe o que custar a si mesmo(a) e a quem está ao nosso lado, em nosso caminho?
Você (ainda) acredita nesse estilo de conduta e liderança – “os números vão falar por mim”?
Ou você já prefere a liderança que alguns chamam de ‘humanizada’, onde não são apenas os resultados comerciais-financeiros que importam, mas o bem-estar e a felicidade das pessoas também?
Sim, podemos falar em felicidade alheia ao pensar em liderança. Ser líder não significa ser algoz. Nem chato(a), arrogante, autoritário(a). Não precisa ser assim. Ouvir (e ver, verdadeiramente) quem está em nosso time e, de alguma forma, em nosso convívio; exercer a empatia (simpatia também é bem-vinda) e o respeito; procurar entender e acolher as diversidades de personalidades e jeitos de ser, pensar e trabalhar, incentivando o melhor de cada um(a); estimular o trabalho em equipe, o senso de coletividade e a autonomia de cada pessoa – esses são alguns dos ingredientes para uma liderança feliz.
Talvez surjam dificuldades de ajustes, mesmo seguindo essas sugestões. Talvez alguém contrariado(a) lhe imponha (mais) desafios, por achar que você é novo(a) ou velho(a) demais. Talvez surjam imprevistos emocionais-comportamentais (que nem lhe dizem respeito) – até as pessoas aparentemente mais ‘previsíveis’ tem seus mistérios e surpresas.
Aí você precisa respirar e se concentrar em manter sua paz, sua saúde mental, distanciar-se um pouco do caos para enxergar ‘o que realmente está pegando’ (nem sempre é o que parece) e focar na resolução do problema – se é que há um de verdade. Às vezes é só deixar a birra ou despeito de alguém passar e seguir em frente, sem tomar a questão pra si.
Confie no que sabe, não tenha receio de aprender o que não sabe (mesmo que seja um conhecimento vindo de um/a estagiário/a), ouça sua intuição. E lembre-se: sempre haverá um ‘porém’ (de alguém), mas você sempre pode ir além.
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