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Foto do escritorHenrique Augusto Pires Rezende

Qual a diferença entre liderança e gestão de pessoas?



Quem faz a gestão de pessoas nem sempre tem um papel de liderança dentro da empresa/projeto/empreendimento. Mas quem é líder precisa ter essa habilidade bem desenvolvida – e em constante aprimoramento. Sim, porque a gestão de pessoas é um organismo vivo, que se transforma constantemente, com a chegada das novas gerações, de novas formas de se relacionar, pensar, criar, fazer – e ser.


As cartilhas de ontem já não servem, é preciso reescrevê-las com o trem andando, considerando os feedbacks de quem vem e de quem vai. Um(a) bom/a gestor(a) de pessoas ouve tanto o(a) maquinista, o(a)s passageiro(a)s, o(a) chefe da estação quanto a pessoa que limpa a caldeira quando chega ao fim da linha – aqui remetendo a um modelo antigo de transporte, mesmo sabendo que já existe trem-bala e projeto de vagão ‘flutuante’, sem encostar no trilho. É um exercício de história e memória mesmo – para não esquecermos que é importante honrar o que veio antes, por mais ultrapassado que pareça agora. Cada um(a) tem uma visão do negócio, da viagem, da estrutura – de ângulos e momentos diferentes –, e cada recorte tem relevância na montagem final do quebra-cabeça.


E mesmo que nem todo(a) o(a) gestor(a) de pessoas esteja em posição de liderança dentro da empresa ou projeto, sua presença é muito importante para que a locomotiva não descarrilhe e todos cheguem ao destino com o máximo grau de satisfação e aproveitamento do percurso.


E onde liderança e gestão de pessoas se encontram? Sabe o combinado ‘arroz com feijão’? Ou você costuma falar ‘feijão com arroz’? Independentemente da ordem, são ingredientes que compõem o conhecido PF (prato feito) e são receita antiga de ‘comida caseira’. Liderança e gestão de pessoas também formam uma boa combinação, que poderíamos considerar a base do sucesso de um empreendimento. Desde que os egos não se inflamem e um(a) se considere melhor ou mais importante que o(a) outro(a).


Enquanto o(a) líder está de olho na meta e reta final do projeto, imprimindo um ritmo que transpareça eficácia e a tal da produtividade (um ponto delicado hoje em dia), o(a) gestor(a) de pessoas está, como o próprio termo diz, olhando para a equipe – formada por seres humanos com todas as suas diversidades e especificidades, demandas, contribuições e objetivos pessoais. Claro que ambo(a)s consideram - ou deveriam considerar - os talentos de cada colaborador(a) individual e coletivamente, observando nas dinâmicas quais as qualidades a serem potencializadas ou melhoradas – conforme o tempo de casa/projeto e as expectativas que se tem em torno disso.


Ainda há lugares em que as pessoas são gerenciadas como peças de um tabuleiro de xadrez, com suas posições e valores bem diferentes – o peão que sempre dá os primeiros passos, feito infantaria, em quantidade, e que pode ser facilmente ser eliminado. O cavalo que se move em L, alterando a lógica do raciocínio reto-frente-trás-lado, a torre que desliza na diagonal, o rei e a rainha que são as vidas mais valiosas do jogo (enquanto ficam lá no fundo sem se mexer). Ainda que o tabuleiro seja horizontal, existe uma hierarquia radicalmente vertical, sem chances de mudança e nada favorável a quem está na linha de frente.


Quem é a liderança nesse jogo? Ou há mais de uma? Isso também acontece dentro de uma empresa ou projeto. Aqui o objetivo é derrotar o(a) adversário(a) e, na medida do possível (e da habilidade do/a jogador/a) preservar os integrantes da corte. Qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência. Enquanto isso, o(a) gestor(a) de pessoas, além de olhar para o todo e observar como o time inteiro se movimenta no tabuleiro do empreendimento, tem de lidar também com os peões que saíram – e muitas vezes nem foram considerados na vitória final.


E voltamos a falar do fator ego, porque é importante observar como ele está sendo gerenciado dentro de cada um(a). Ele pode ser uma ferramenta muito útil como alicerce de resistência e resiliência, na construção e manutenção da autoconfiança, da motivação, do engajamento na equipe e no projeto. Ego pode ser aquele brilho nos olhos que te faz levantar apesar do cansaço e seguir em frente, confiando em quem diz “vamos, vem comigo, vai dar certo!”. Por outro lado, se muito inflado e mal-administrado, sem ouvir quem está ao seu lado, pode virar arrogância, cegar quem está na liderança e levar o time inteiro à derrocada.


Uma boa gestão de pessoas contempla inclusive esse olhar, desde a contratação de um(a) estagiário(a), gerente, diretor(a), CEO e outras instâncias. Não são só as qualificações profissionais, acadêmicas, curriculares que importam. As habilidades pessoais, humanas, sociais também contam – cada vez mais.


As novas gerações já não aceitam uma decisão imposta goela abaixo (como as gerações anteriores foram condicionadas a suportar, para ‘não perderem o emprego/status/benefícios’). A turma de hoje quer ser ouvida, quer falar, criar, construir e movimentar junto. Alguns bônus e prêmios já não surtem o mesmo efeito de outrora – alguns jovens não fazem questão de usufruir do carro da empresa, querem mais é ter mobilidade, liberdade e rentabilidade trabalhando no seu tempo e de qualquer lugar do mundo.


Como liderar quem nasceu para voar?


E para encerrar essa história que está só começando, fiquemos com a imagem de um jogo de vôlei: cada um(a) tem sua posição em quadra, mas às vezes algumas se invertem (levantador/a, por exemplo) e todas as pessoas interagem para, juntas, não deixarem a bola cair.


Vamos nessa?

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